Por muitos anos, a batata ficou no centro de um debate temperado por desconfianças. Bastava mencioná-la e já surgiam associações com batatas fritas crocantes, chips salgados e calorias a perder de vista. Mas especialistas em nutrição têm reforçado uma verdade importante: a batata, em sua forma natural, é um alimento nutritivo, acessível e capaz de contribuir para uma dieta equilibrada, quando preparada de maneira adequada.
Segundo a jornalista especializada em saúde Alexandra Pattillo, diversas variedades de batata — como russet, fingerling, vermelha e Yukon Gold — oferecem benefícios que vão desde o fortalecimento do sistema imunológico até o suporte ao bom funcionamento do corpo e ao fornecimento de energia diária.
Carboidrato não é inimigo
Uma batata russet média descascada contém cerca de 35 gramas de carboidratos, o que pode assustar à primeira vista. Mas a nutricionista Tara Schmidt, da Mayo Clinic, explica que, diferentemente dos carboidratos simples presentes em doces e ultraprocessados, as batatas fornecem carboidratos complexos, que são digeridos mais lentamente.
Isso significa energia constante, sensação prolongada de saciedade e menor chance de fome rápida após a refeição.
A pesquisadora Tal Kleiner, do NYU Langone Health, reforça que a "má fama" das batatas resulta mais da forma de preparo do que do alimento em si. Frituras e produtos industrializados, como chips, elevam calorias, gordura e sódio — o que distorce a percepção do seu valor nutricional real.
Índice glicêmico: escolher bem faz diferença
Nem todas as batatas agem da mesma forma no organismo. Algumas possuem índice glicêmico (IG) elevado, o que pode gerar picos de açúcar no sangue. Esse efeito está associado a maior risco de diabetes e doenças cardiovasculares.
Mas há caminhos para aproveitar o melhor do alimento:
Variedades com menor IG:
• Batatas vermelhas
• Fingerlings (mais firmes e cerosas)
Variedades com maior IG:
• Russet
• Idaho
Além disso, o modo de preparo influencia diretamente no impacto do alimento no corpo:
• Melhores opções: cozidas, assadas ou no vapor
• Pior escolha: fritas ou amassadas com manteiga e creme
Como compor um prato equilibrado
Para evitar picos de glicose e manter a digestão mais lenta, a orientação é clara: equilíbrio.
A nutricionista Tara Schmidt sugere combinar batatas com:
• Proteínas magras (frango, peixe, ovos ou leguminosas)
• Gorduras saudáveis (azeite, castanhas, abacate)
• Vegetais não amiláceos (brócolis, couve-flor, folhas verdes)
Essa harmonia no prato ajuda a estabilizar o açúcar no sangue e melhora o aproveitamento dos nutrientes.
Da panelinha para o cardápio consciente
A batata não precisa ser excluída — basta ser respeitada.
Quando preparada de forma simples, com casca, ervas e azeite moderado, ela é fonte de energia, versatilidade e sabor.
No fim das contas, o problema nunca esteve no tubérculo, mas no óleo quente, na manteiga em excesso e nas porções gigantes. Consumida com equilíbrio, a batata volta ao seu lugar de destaque: alimento nutritivo, democrático e parte importante da mesa de muitas culturas.
Batata não é vilã. É só questão de preparo e consciência.
Fonte: www.nytimes.com
