Com uso de satélites, geoprocessamento e integração de dados, Bahia avança na identificação de focos de incêndio e responsabilização por queimadas ilegais
Fotos: Matheus Lemos - Ascom/SemaOs dados foram coletados a partir de plataformas de monitoramento de queimadas — como o Painel do Fogo, o BD Queimadas e o sistema Alerta Brasil M.A.I.S. — e processados em softwares de geoprocessamento, como o QGIS. O cruzamento dessas informações com o Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais (CEFIR) permitiu identificar com precisão os pontos de calor e as áreas afetadas por incêndios, subsidiando o planejamento das ações em campo.
O mapeamento mostrou alto grau de assertividade, com todos os pontos indicados apresentando ocorrências de incêndios florestais. O cruzamento com a base do CEFIR também facilitou a identificação dos proprietários e a apuração das responsabilidades.
A equipe de Geoprocessamento do Inema estruturou pela primeira vez um levantamento específico de dados de queimadas para apoiar a Ronda Verde. O planejamento envolveu uma análise detalhada e o cruzamento de múltiplas fontes de monitoramento remoto com bancos de dados ambientais.
As informações foram integradas a registros de áreas de vegetação nativa, reservas legais, unidades de conservação, assentamentos rurais, terras indígenas e comunidades quilombolas, além das autorizações de supressão de vegetação (ASV) e de queima controlada (DQC). Essa integração possibilitou identificar onde as queimadas ocorreram e os possíveis responsáveis.
O uso das ferramentas também otimizou o trabalho de campo. Antes das fiscalizações, as equipes analisavam mapas georreferenciados e definiam pontos prioritários de vistoria. Durante as operações, o aplicativo Gaia GPS foi utilizado para navegação e confirmação das coordenadas dos focos de calor e cicatrizes de incêndio. As imagens em alta resolução serviram como provas técnicas nas investigações e autuações de crimes ambientais.
De agosto a novembro, foram mapeados cerca de 100 focos de fogo na Chapada Diamantina. O mês de setembro concentrou 48 ocorrências confirmadas, com destaque para os municípios de Andaraí, Piatã, Ibicoara e Rio de Contas. As equipes percorreram áreas rurais em Érico Cardoso, Rio de Contas, Piatã, Mucugê, Wagner, Andaraí, Lençóis, Palmeiras e Iraquara, fiscalizando propriedades e identificando queimadas ilegais.
Durante o período, esteve suspensa a Declaração de Queima Controlada (DQC), conforme a Portaria nº 33.788/2025, que proíbe o uso do fogo entre setembro e novembro — podendo ser prorrogada em caso de clima seco e baixa umidade. O uso irregular do fogo neste período é uma das principais causas de incêndios florestais severos. Por isso, o governo tem incentivado práticas alternativas, como o reaproveitamento do material orgânico cortado para melhoria do solo sem necessidade de queimadas.
A etapa atual da operação registrou redução significativa no número de focos de incêndio na Chapada, resultado direto da integração entre ações de educação ambiental, prevenção e fiscalização. O envolvimento das comunidades locais, que vêm colaborando com denúncias e monitoramento, reforça o avanço da consciência ambiental na região.
A operação também contou com o apoio aéreo do Grupamento Aéreo do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (GRAER/CBMBA), que utilizou helicópteros para ampliar o monitoramento e facilitar o deslocamento das equipes em áreas de difícil acesso.
A Ronda Verde integra o Programa Bahia Sem Fogo, dentro do eixo Sensibilização, Fiscalização e Responsabilização, e tem como foco o monitoramento, a fiscalização e a repressão ao uso irregular do fogo e ao desmatamento.
Lançada em 2024, a operação é considerada pioneira na Bahia e vem sendo ampliada a cada edição. Inicialmente voltada às regiões do Oeste e da Chapada Diamantina, historicamente as mais afetadas por queimadas e desmatamentos, a Ronda Verde representa hoje um marco nas ações integradas de fiscalização ambiental e no uso estratégico da tecnologia a serviço da preservação do meio ambiente.
Fonte: ba.gov.br
