Siglas entregam ministérios, mas mantêm influência em cargos estratégicos; federação União Progressista projeta protagonismo nas eleições de 2026.
Os partidos União Brasil e Progressistas (PP) oficializaram, nesta terça-feira (2/9), o rompimento institucional com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão, tomada após reuniões de cúpula, marca um novo alinhamento no tabuleiro político e abre caminho para a criação da federação “União Progressista”, que deve se consolidar para as eleições de 2026.
Com a saída da base, as duas siglas devem entregar os ministérios do Turismo e do Esporte, hoje chefiados por Celso Sabino (União) e André Fufuca (PP). Apesar disso, até o momento, nenhum dos ministros anunciou pedido de demissão. Interlocutores avaliam que, caso resistam, ambos podem ser pressionados até mesmo com ameaça de expulsão de seus partidos.
Nos bastidores, o Planalto ainda analisa como conduzir a situação. Enquanto Sabino manteve agenda normal nesta terça, Fufuca articulava dentro do PP os termos da saída. A indefinição acirra tensões internas, já que alas governistas dessas legendas resistem ao rompimento completo.
Embora o desembarque seja tratado como institucional, lideranças de União e PP não abrirão mão de cargos estratégicos na máquina federal. O ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), seguirá influente na Caixa Econômica Federal, enquanto Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado, manterá aliados nos ministérios das Comunicações e do Desenvolvimento e Integração Regional.
Essa duplicidade de posições tem sido ironizada por setores do governo como um “término de Schrödinger”: oficialmente na oposição, mas ainda com presença efetiva na estrutura federal.
O movimento político está diretamente ligado ao projeto para 2026. União Brasil e PP caminham para formar a maior bancada do Congresso Nacional, com deputados e senadores atuando de forma conjunta sob a futura legenda União Progressista.
A federação deve se alinhar ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), cotado como candidato à Presidência, e pretende ocupar a vaga de vice em uma chapa com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Impacto no governo
Para o Palácio do Planalto, a saída representa mais um desafio na articulação política, sobretudo em votações cruciais no Congresso. Ao mesmo tempo, a manutenção de espaços estratégicos pelos dois partidos expõe a complexidade da relação entre governo e Centrão — marcada por acordos, recuos e concessões que ultrapassam os limites formais da coalizão.
Fonte: metropoles.com