Medida visa proteger a indústria cinematográfica dos EUA da migração de produções para o exterior, mas já gera polêmica no setor e entre parceiros comerciais.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste domingo (4) a imposição de tarifas de 100% sobre filmes produzidos fora do país e exibidos no mercado americano. Segundo ele, a medida busca proteger a indústria cinematográfica nacional, que estaria sendo prejudicada pela crescente migração de produções para o exterior, atraídas por incentivos fiscais e menores custos operacionais. A decisão, comunicada por meio da plataforma Truth Social, marca uma nova escalada na política comercial agressiva adotada pelo republicano.
“Hollywood está MORRENDO muito rapidamente”, escreveu Trump. “Outros países oferecem todo tipo de incentivo para atrair nossos cineastas. Isso está devastando áreas importantes dos Estados Unidos.” O presidente afirmou ainda que a transferência da produção representa uma “ameaça à segurança nacional” e autorizou o Departamento de Comércio e o Representante de Comércio dos EUA a iniciarem o processo de tarifação. As novas medidas, no entanto, ainda não tiveram detalhes regulamentares divulgados. Séries de TV não foram mencionadas no anúncio.
A proposta ocorre em um momento de tensão no comércio global. A China, frequentemente alvo das tarifas de Trump, reagiu às sanções anteriores com a promessa de reduzir a quantidade de filmes americanos em exibição no país — que atualmente representa o segundo maior mercado cinematográfico do mundo, atrás apenas dos EUA. Com a imposição de cotas e restrições, Hollywood corre o risco de perder acesso a uma de suas principais fontes de receita internacional.
O setor cinematográfico americano enfrenta desafios desde a pandemia de covid-19 e as greves que paralisaram Hollywood em 2023. De acordo com dados da Motion Picture Association, a indústria gerou US$ 279 bilhões em vendas e mais de 2,3 milhões de empregos em 2022, mas a produção caiu significativamente. Um relatório da ProdPro apontou que o volume de gastos em filmagens nos EUA caiu 26% em dois anos, enquanto os destinos favoritos para produções em 2025 e 2026 passaram a ser Toronto, Grã-Bretanha, Vancouver, Europa Central e Austrália — todos fora dos Estados Unidos.
Fonte: jovempan.com.br