Superação e inclusão: gêmeas siamesas separadas seguem em desenvolvimento com apoio da Educação Precoce no DF


A notícia da gravidez de gêmeas siamesas unidas pela cabeça foi um choque para a farmacêutica Camilla Vieira, que na época tinha apenas 23 anos. Entre incertezas sobre a saúde, o desenvolvimento e a qualidade de vida das meninas, Camilla enfrentou uma jornada de desafios. No entanto, a história de Lis e Mel se transformou em um exemplo de superação e acolhimento.

Separadas por uma cirurgia realizada em 2019, quando tinham apenas 11 meses de idade, na rede pública do Governo do Distrito Federal (GDF), Lis e Mel são hoje duas crianças saudáveis de 6 anos, que já sabem ler e estão cursando o primeiro ano do ensino fundamental. Parte fundamental dessa trajetória foi o Programa de Educação Precoce (PEP), da Secretaria de Educação (SEEDF), que acolheu as irmãs logo após a cirurgia.

“Elas estavam começando a andar, então teve o cuidado com a parte motora, além da educação em si, que ajudou com a fala. Teve um impacto muito grande no crescimento delas”, relata Camilla, emocionada. O atendimento ocorreu no Centro de Ensino Especial 01 (CEE 1) de Ceilândia, onde Lis e Mel ingressaram com 1 ano e meio e permaneceram até os 3 anos de idade.

“É ótimo ver que elas estão conseguindo acompanhar a turminha. Estão agora no primeiro ano, quando começa a alfabetização, mas elas já sabem ler. É um conforto para o coração da mãe”, comemora Camilla, que não poupa elogios ao serviço público. “Fizemos tudo no GDF: o acompanhamento cirúrgico, a cirurgia e a educação delas. Sempre recomendo o programa para outras pessoas.”

Educação Precoce: inclusão desde os primeiros passos

Criado em 1987, o Programa de Educação Precoce oferece atendimento educacional especializado para crianças de até 3 anos e 11 meses com necessidades educacionais específicas. Atualmente, mais de quatro mil crianças estão matriculadas em 22 unidades da rede pública, distribuídas em todas as 14 regionais de ensino do DF.

“No Distrito Federal, temos um compromisso de décadas em garantir o atendimento educacional precoce a bebês que precisam de suporte diferenciado. É um trabalho que envolve a família e reflete nosso esforço pela inclusão desde os primeiros anos de vida”, destaca Vera Lúcia Ribeiro de Barros, subsecretária de Educação Inclusiva e Integral da SEEDF.

Bebês com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA), altas habilidades ou em situação de risco — como prematuridade, pós-maturidade ou filhos de mães diabéticas — são acolhidos pelo programa, que visa estimular seu desenvolvimento motor, cognitivo e socioafetivo.

Trabalho em parceria com as famílias

No Centro de Ensino Infantil 04 (CEI 04) de Taguatinga, 219 crianças são atendidas pelo PEP. A diretora da unidade, Sabrina Marques Oliveira, explica que as crianças recebem acompanhamento duas vezes por semana, com sessões de até 50 minutos. A equipe é formada por um professor de educação física, focado no desenvolvimento motor, e um pedagogo, responsável pelo desenvolvimento cognitivo.

“É uma parceria entre a escola e a família. Nós fazemos aqui e os responsáveis reforçam em casa. As crianças saem preparadas para o ensino regular”, afirma.

Essa parceria é vivida de perto pela professora Karolina Bandeira, mãe de cinco crianças, três das quais participam do programa: Samuel, de 3 anos, que teve dificuldade na fala, e as gêmeas Ana e Maria, de 2 anos, prematuras. Maria também tem paralisia cerebral.

“Elas começaram com três meses. Desde o início percebemos evolução: mais atenção, mais interesse e avanços motores. A fala de Samuel também melhorou bastante”, relata Karolina. Em casa, o trabalho continua com sessões de fisioterapia e terapia ocupacional.

O poder da estimulação precoce

A coordenadora da Educação Precoce no CEI 04, Deise Arruda, ressalta a importância do atendimento nos primeiros anos de vida. “Aproveitamos a neuroplasticidade, mais acentuada nos três primeiros anos, para desenvolver as dificuldades e potencialidades. Quanto mais cedo chegam, mais avanços podemos alcançar. Muitas crianças surpreendem em pouco tempo”, afirma.

Como participar

Para ingressar no programa, é necessário apresentar um encaminhamento médico e procurar uma das unidades da rede pública que ofereçam a modalidade. As crianças podem permanecer até os 4 anos e, a partir daí, são direcionadas para a educação infantil regular ou continuam no ensino especial, conforme a necessidade.

As matrículas estão abertas durante todo o ano letivo.

Fonte: agenciabrasilia.df.gov.br

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