Veículo da Coalizão da Flotilha da Liberdade foi abordado em águas internacionais; Israel alega tentativa de “provocação midiática” e promete impedir qualquer quebra do bloqueio à Faixa de Gaza.
O barco humanitário Madleen, que transportava ajuda à Faixa de Gaza com 12 ativistas internacionais a bordo — incluindo a sueca Greta Thunberg —, foi interceptado na madrugada desta segunda-feira (9) por autoridades israelenses. Segundo o Ministério das Relações Exteriores de Israel, a embarcação foi desviada para o porto de Ashdod e os passageiros “deverão retornar aos seus países”. O governo israelense classificou a ação como uma tentativa de “provocação midiática” e afirmou que não permitirá a quebra do bloqueio marítimo imposto à região.
A embarcação, organizada pela Coalizão da Flotilha da Liberdade (FFC), partiu da Itália no início de junho com o objetivo de entregar ajuda humanitária à população palestina, que vive uma grave crise após mais de um ano e meio de guerra. O grupo passou pelo Egito antes de se aproximar da costa de Gaza, mesmo após advertências de Israel. De acordo com a FFC, o Exército israelense abordou o Madleen em águas internacionais, o que seria uma “violação do direito internacional”. Em um vídeo gravado previamente e divulgado após a perda de contato, Greta Thunberg afirmou que a tripulação havia sido “sequestrada” pelas forças israelenses.
Israel, por sua vez, minimizou a quantidade de ajuda a bordo e disse que os mantimentos “não consumidos pelas celebridades” serão entregues a Gaza por “canais humanitários reais”. O ministro da Defesa, Israel Katz, reforçou que o bloqueio marítimo tem como objetivo impedir o envio de armas ao Hamas e proteger a segurança nacional. “Não permitiremos que ninguém rompa o bloqueio”, disse ele. O governo também publicou imagens dos ativistas com coletes salva-vidas recebendo água e comida durante a abordagem.
A interceptação reacende memórias da flotilha de 2010, quando uma operação semelhante terminou com 10 ativistas mortos após intervenção militar israelense. Na atual guerra, que começou em 7 de outubro de 2023 com um ataque do Hamas em território israelense, mais de 54 mil palestinos já morreram, segundo autoridades locais. A ONU alertou para o colapso do sistema de saúde em Gaza e para a iminente fome generalizada. Apesar da pressão internacional, Israel mantém as restrições, enquanto grupos civis e organizações humanitárias buscam alternativas para fornecer ajuda à população.
*Com informações da AFP